Recentemente, o caso de uma modelo que morreu após cair do 12º andar de um prédio no Chile trouxe à tona a discussão sobre crimes contra a vida e, em especial, o feminicídio. Com o namorado da vítima sendo acusado de feminicídio, surge a necessidade de entender como advogar nesses casos tão delicados.

O feminicídio é um crime hediondo, com penas mais graves do que o homicídio simples, e é caracterizado pelo homicídio de uma mulher devido à sua condição de gênero. Entender a gravidade desse tipo de crime é fundamental para traçar uma estratégia de defesa eficaz.
Principais teses defensivas em casos de feminicídio
Algumas das principais teses defensivas utilizadas em casos de homicídio, incluindo o feminicídio, são a legítima defesa, estado de necessidade, inexigibilidade de conduta diversa, estrito cumprimento do dever legal, arrependimento eficaz e desistência voluntária, ausência de provas e negativa de autoria.
É importante ressaltar que, em casos de tentativa de feminicídio, como o exemplo citado no início, a pena pode ser reduzida, mas o réu ainda será condenado por um crime grave, com penas que podem chegar a 10 anos de reclusão.
Principais aprendizados
- O feminicídio é um crime hediondo com penas mais graves do que o homicídio simples.
- Algumas teses defensivas em casos de homicídio podem ser utilizadas, como legítima defesa e estado de necessidade.
- Na tentativa de feminicídio, a pena pode ser reduzida, mas o réu ainda será condenado por um crime grave.
- É importante ter uma estratégia de defesa eficaz, com o apoio de advogados especializados em crimes contra a vida.
- O conhecimento das leis e jurisprudência sobre feminicídio é essencial para uma defesa adequada.
Crimes contra a vida e o feminicídio: Entendendo a gravidade
Os crimes contra a vida, como o homicídio e o feminicídio, são considerados alguns dos atos mais hediondos que podem ser cometidos. O feminicídio, em particular, é definido como o assassinato de uma mulher devido ao seu gênero, o que agrava ainda mais a sua gravidade.
O que é o feminicídio?
De acordo com a Lei nº 13.104/2015, o feminicídio é uma qualificadora do crime de homicídio, caracterizado pela violência doméstica e familiar ou pelo menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Essa lei modificou o Código Penal Brasileiro, estabelecendo uma pena mais severa para esse tipo de crime.
Dados alarmantes sobre a violência contra a mulher
Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021 revelam a magnitude da violência contra as mulheres no Brasil. Em 2020, foram registrados 1.350 feminicídios e 230.160 casos de lesão corporal em contexto de violência doméstica e familiar. Além disso, foram concedidas pelos tribunais de justiça 294.440 medidas protetivas de urgência no mesmo ano, demonstrando a gravidade da situação.
Esses números alarmantes evidenciam a necessidade urgente de ações efetivas para prevenir e combater a violência contra a mulher e o feminicídio no país.
“O feminicídio é considerado um crime hediondo e tem como vítimas mulheres, em razão do seu gênero, o que agrava ainda mais a sua gravidade.”
Teses defensivas em casos de feminicídio
Em casos de defesa em casos de feminicídio, os advogados podem apresentar algumas teses defensivas com o objetivo de minimizar a severidade da acusação. Essas teses buscam enquadrar o crime em categorias menos gravosas, como o homicídio privilegiado ou o homicídio qualificado.
O homicídio privilegiado pode resultar em uma redução de pena, uma vez que considera a ação como consequência de uma forte emoção violenta, muitas vezes relacionada a uma situação de traição ou abandono. Já a tese de homicídio qualificado busca demonstrar a ausência de circunstâncias agravantes, como a impossibilidade de defesa da vítima ou a crueldade do crime.
Outra possível tese defensiva é a contestação da própria classificação do crime como feminicídio, argumentando a falta de elementos que comprovem a motivação de gênero para o assassinato. Essa estratégia visa evitar o agravamento da pena associado ao feminicídio.
Tese Defensiva | Objetivo | Possíveis Resultados |
---|---|---|
Homicídio Privilegiado | Alegar forte emoção violenta | Redução de pena |
Homicídio Qualificado | Demonstrar ausência de agravantes | Evitar agravamento da pena |
Contestar Feminicídio | Argumentar falta de motivação de gênero | Evitar a classificação de feminicídio |

É importante ressaltar que, apesar dessas teses defensivas, o feminicídio é uma realidade preocupante no Brasil, com números alarmantes de vítimas a cada ano. O movimento feminista continua a lutar pela valorização da mulher e pelo fim dessa forma de violência de gênero.
As pessoas também perguntam:
Qual a pena para quem comete feminicídio?
A pena para quem comete feminicídio varia de 12 a 30 anos de reclusão, dependendo das circunstâncias e agravantes. Em casos de aumento de pena, como motivo torpe ou com emprego de crueldade, a pena pode ser mais severa.
Quais as causas de aumento de pena no feminicídio?
As causas de aumento de pena no feminicídio podem incluir:
- Motivo torpe: Quando o crime é motivado por razões fúteis, como vingança ou desprezo.
- Emprego de crueldade: Quando o crime é praticado de maneira brutal ou com tortura.
- Impedir a vítima de defender-se: Caso o agressor dificulte ou impeça a defesa da vítima.
- Perseguição (stalking): Se houver perseguição constante da vítima antes do homicídio.
Esses agravantes podem resultar no aumento da pena em até 1/3.
Quem comete feminicídio pode responder em liberdade?
Não, quem comete feminicídio não pode responder em liberdade, salvo em casos excepcionais. A prisão preventiva é normalmente decretada devido à gravidade do crime, risco à ordem pública e à possibilidade de o réu influenciar as testemunhas ou obstruir a investigação. Assim, é comum que o acusado permaneça preso durante o processo, especialmente por ser considerado um crime hediondo.
Qual a nova lei para feminicídio?
A nova lei relacionada ao feminicídio no Brasil é a Lei nº 13.840, de 2019, que alterou o Código Penal e trouxe novos dispositivos para aumentar as punições a crimes relacionados ao feminicídio. A principal mudança foi o reconhecimento de algumas qualificadoras do feminicídio, como a violência doméstica e familiar, o vínculo afetivo entre vítima e agressor, e o assassinato de mulheres em contexto de discriminação de gênero. Além disso, foi ampliado o conceito de feminicídio para incluir o assassinato de mulheres em situação de vulnerabilidade, como aquelas com deficiência e as que estão grávidas. Essas medidas visam fortalecer a proteção da mulher e punir com mais rigor os crimes de feminicídio.
De quem é a competência para julgar o crime de feminicídio?
A competência para julgar o crime de feminicídio é da Justiça Comum, ou seja, das varas criminais estaduais. Quando o homicídio ocorre dentro do contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, com as qualificadoras que caracterizam o feminicídio, o processo é julgado pelo juiz da vara criminal com especialização em violência doméstica e familiar, que pode ser um juizado específico de violência doméstica ou uma vara especializada. Em casos excepcionais, dependendo da gravidade e da situação, o processo também pode ser analisado por tribunais superiores.
Conclusão
Defender-se de acusações de feminicídio é um desafio complexo que exige do advogado um profundo conhecimento técnico e ético. É fundamental que o advogado atue com respeito à dignidade da vítima e de seus familiares, garantindo que os direitos do acusado sejam plenamente respeitados durante todo o processo.
A legislação brasileira tipifica o feminicídio como uma modalidade qualificada de homicídio, com penas mais severas. Portanto, a defesa deve se embasar não apenas nas teses defensivas, mas também na compreensão detalhada da Lei e da jurisprudência aplicáveis a esses casos delicados.
Conclui-se que a defesa em casos de feminicídio requer um advogado altamente capacitado, que saiba equilibrar a proteção dos direitos do acusado com a devida consideração pela gravidade do crime e pelo sofrimento das vítimas. Somente assim será possível obter uma resolução justa e alinhada com os princípios do Estado Democrático de Direito.

Links de Fontes
- https://juridicocerto.com/p/davidviniciusadv/artigos/enfrentando-uma-acusacao-de-homicidio-saiba-como-se-defender-6903
- https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2019/setembro/acusado-de-tentativa-de-feminicidio-e-condenado-a-10-anos-de-prisao-1
- https://www.defensoriapublica.pr.def.br/Noticia/Defensoria-no-Tribunal-do-Juri-mulheres-vitimas-de-tentativa-de-feminicidio-tambem-podem
- https://advocaciareis.adv.br/blog/criminal/crimes-contra-a-vida-homicidio-feminicidio-aborto/
- https://www.scielo.br/j/rk/a/XHsBpyL7bg56mBKqDpfQ88y/
- https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/homicidio-simples-x-homicidio-qualificado
- https://www.camara.leg.br/noticias/1024276-comissao-aprova-projeto-que-reforca-proibicao-da-tese-de-legitima-defesa-da-honra-em-crimes-de-feminicidio/
- https://editora.pucrs.br/edipucrs/acessolivre/anais/1617/assets/edicoes/2021/arquivos/1.pdf
- https://trilhante.com.br/curso/principais-crimes/aula/introducao-aos-crimes-contra-a-vida-2
- https://www.galvaoesilva.com/blog/direito-criminal/crimes-contra-a-vida/
- https://www.estrategiaconcursos.com.br/curso/main/downloadPDF?aula=507186