Infelizmente, a invasão de imóveis é um problema cada vez mais comum no Brasil. A Constituição Federal assegura o direito à moradia, mas também protege o direito à propriedade privada, que é um dos pilares do sistema capitalista. Quando esses dois direitos entram em conflito, muitas vezes acompanhados de práticas criminosas, o resultado pode ser imprevisível e demorado. Este artigo irá detalhar um caso real de invasão de imóvel em Belo Horizonte e analisar os aspectos legais envolvidos nesse tipo de situação, com foco em como contestar a posse de um imóvel invadido e proteger os direitos de propriedade.
Principais takeaways
- A invasão de imóveis é um problema recorrente no Brasil e envolve conflitos entre o direito à moradia e o direito à propriedade privada.
- A posse e a propriedade são conceitos distintos, sendo possível ser proprietário de um imóvel sem estar em posse do mesmo.
- A ação de reintegração de posse é uma medida judicial utilizada para recuperar a posse de um imóvel invadido.
- O esbulho possessório, ou privação ilegal da posse, é necessário para requerer a reintegração de posse.
- A reintegração de posse não discute o direito à propriedade, apenas o direito de posse, exigindo prova da posse anterior ao esbulho.
O caso de uma invasão real
As invasões de propriedades privadas, muitas vezes realizadas por movimentos sociais reivindicando o direito à moradia, têm se tornado um fenômeno cada vez mais frequente no Brasil. Um caso emblemático ocorreu em Belo Horizonte, onde um imóvel pertencente a uma fundação de assistência social foi invadido quando a entidade estava prestes a celebrar um contrato de permuta com uma incorporadora.
O modus operandi dos invasores
De acordo com as investigações, os invasores haviam sido despejados de outro local pouco antes e utilizaram um método comum em Belo Horizonte: procuraram a Defensoria Pública alegando falsamente que já ocupavam o imóvel há semanas, obtendo uma “Declaração de Assistência” que a Polícia Militar aceitou como um salvo-conduto para a ocupação.
A atuação da Polícia Militar
Após a invasão, foram ajuizadas ações judiciais, com pedido de liminar, mas inicialmente o Judiciário optou por não agir prontamente, alegando a falta de urgência. Apenas dois dias depois, o juiz titular concedeu a liminar determinando a desocupação do imóvel.
O processo judicial e as decisões
O caso ilustra a complexidade das disputas envolvendo posse e propriedade no Brasil, onde o direito à moradia e o direito de propriedade entram em conflito. Embora a Defensoria Pública e o Ministério Público tenham atuado, o Poder Judiciário, em um primeiro momento, não considerou urgente a reintegração de posse, demonstrando a delicadeza dessas questões.
Posse e propriedade: Os conceitos fundamentais
Entender a diferença entre posse e propriedade é crucial para lidar adequadamente com situações envolvendo imóveis invadidos. A propriedade é definida como o direito real de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa, respeitando sua função social. Já a posse é o poder de fato sobre a coisa, que nem sempre decorre da propriedade.
Quem possui um imóvel pode utilizar os meios disponíveis para repelir uma invasão, desde que de forma imediata e proporcional. As ações possessórias, como a manutenção de posse e a reintegração de posse, são os instrumentos judiciais adequados para defender a posse de um imóvel.
Segundo a advogada Thaís Netto, especialista em Direito Público, a posse tem uma natureza híbrida, relacionada tanto com o poder físico quanto com a intenção de permanecer com a coisa, ressaltando sua importância em relação à propriedade e sua função social.
A jurisprudência demonstra a necessidade de formalidade, como a escritura pública, para transmissão da propriedade de um imóvel em situações específicas, destacando a importância do cumprimento das exigências legais.
Portanto, a posse e a propriedade são conceitos distintos, mas igualmente importantes na defesa de imóveis invadidos. Compreender essa diferença é fundamental para adotar as medidas jurídicas adequadas.
As ações judiciais possessórias
No contexto jurídico, as ações possessórias se referem a procedimentos judiciais que visam proteger aqueles que exercem ou exerceram a posse sobre um imóvel. Essas ações são fundamentais para garantir a manutenção ou a reintegração da posse, bem como a segurança contra possíveis violências iminentes.
Manutenção de posse
A ação de manutenção de posse é cabível quando a posse está sendo ameaçada ou perturbada, mas ainda não foi perdida. Nesse caso, o objetivo é que o possuidor seja mantido na posse do imóvel.
Reintegração de posse
Já a ação de reintegração de posse é utilizada quando a posse foi perdida de maneira ilegal, devido a uma ação de terceiros. O propósito é que o possuidor seja reintegrado à posse do bem.
Interdito proibitório
O interdito proibitório, por sua vez, é cabível quando a posse está sendo restringida ou dificultada, mas ainda não houve perda total. Seu objetivo é prevenir a violência e assegurar a posse.
É importante destacar que, mesmo sem estar na posse, o proprietário do imóvel pode ingressar com a ação reivindicatória para recuperar a propriedade. Nessas situações, a rapidez na atuação judicial é crucial, tanto para demonstrar o zelo com o imóvel quanto para ter acesso a medidas liminares.
Conclusão
A invasão de imóveis é um problema grave que desafia o equilíbrio entre o direito à moradia e o direito de propriedade. Diante de uma situação de invasão, o possuidor ou proprietário deve agir de forma rápida e correta, buscando orientação de um advogado especialista em direito imobiliário. As ações possessórias, como a manutenção de posse, a reintegração de posse e o interdito proibitório, são os instrumentos judiciais adequados para recuperar a posse de um imóvel invadido e preservar o direito de propriedade.
É fundamental entender a diferença entre posse e propriedade, e estar atento aos prazos e requisitos de cada ação, para garantir a proteção do seu patrimônio. A invasão de imóvel é um desafio jurídico complexo, mas com o auxílio de um advogado especialista, o proprietário ou possuidor pode recuperar a posse do seu imóvel e defender seu direito de propriedade.
Portanto, é essencial agir rapidamente e de forma correta diante de um caso de invasão de imóvel, buscando orientação profissional para garantir a recuperação da posse e a preservação do direito de propriedade. Somente assim é possível restabelecer o equilíbrio entre os interesses envolvidos e proteger o patrimônio do proprietário ou possuidor.
Links de Fontes
- https://lageportilhojardim.com.br/blog/invasao-de-imovel/
- https://consultoriojuridico.com.br/2020/08/09/reintegracao-de-posse-como-reaver-um-imovel-ocupado-indevidamente/
- https://revistaft.com.br/invasoes-de-propriedades-privadas-analise-social-consequencias-juridicas-e-impactos-economicos/
- https://www.scielo.br/j/rdc/a/84NDW8R53PMhjrsQKJQWQFn/
- https://feldmann.adv.br/qual-a-diferenca-entre-posse-e-propriedade/
- https://www.projuris.com.br/blog/posse-e-propriedade/
- https://profbarros.adv.br/artigos/2/instrumentos-de-defesa-da-posse-e-da-propriedade
- https://www.aurum.com.br/blog/acoes-possessorias/
- https://advbox.com.br/blog/posse-e-propriedade/
- https://jus.com.br/artigos/93631/diferenca-entre-posse-e-propriedade
- https://institutoine.com.br/arquivos/posse_e_propriedade_5ec8268567baa.pdf