Como reduzir a pena em caso de tentativa de homicídio?

A tentativa de homicídio é um dos crimes contra a vida mais graves no Brasil. No entanto, é possível obter uma redução da pena nesse tipo de caso, desde que cumpridos determinados requisitos legais. Este artigo irá explorar as estratégias jurídicas e os critérios que podem levar à diminuição da punição em casos de tentativa de homicídio, com base na jurisprudência e na doutrina especializada.

Advogado criminalista

Principais pontos de aprendizado

  • A tentativa de homicídio é considerada um crime grave, com penas que podem chegar a até 30 anos de prisão.
  • É possível obter redução da pena, especialmente para réus primários, de um a dois terços.
  • Fatores como a proximidade da consumação e a ausência de violência podem influenciar na redução da sentença.
  • A dosimetria penal considera o iter criminis e a gravidade concreta do fato.
  • A jurisprudência tem se mostrado cada vez mais favorável à redução da pena em casos de tentativa de homicídio.

Entendimento jurisprudencial sobre a redução da pena na tentativa

Os tribunais brasileiros têm entendido que a redução da pena pela tentativa deve considerar o iter criminis (caminho do crime) percorrido pelo agente. Quanto mais próximo da consumação do delito, menor será a fração de diminuição aplicada. Essa compreensão está alinhada com a orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Posicionamento dos Tribunais

O iter criminis, ou caminho do crime, é fundamental para a fixação da fração de redução da pena na tentativa. Quanto mais o agente se aproximar da consumação do crime, menor será a diminuição da pena. Por outro lado, nos casos de tentativa branca ou incruenta, em que o agente não consegue atingir a vítima, a fração máxima de diminuição (dois terços) poderá ser aplicada.

Análise do iter criminis

A análise do iter criminis é essencial para determinar a fração de redução da pena na tentativa. Quanto mais próximo o agente estiver da consumação do delito, menor será a diminuição da pena aplicada. Essa compreensão dos tribunais brasileiros visa garantir a proporcionalidade e a justa punição nos casos de tentativa de homicídio.

“Quanto mais próximo da consumação do delito, menor será a fração de diminuição aplicada.”

Crimes contra a vida e a dosimetria penal

Os crimes contra a vida, como o homicídio, aborto, infanticídio e eutanásia, são considerados os mais graves do Código Penal. Nesse contexto, a dosimetria penal, ou seja, a fixação da pena, deve ser realizada de forma rigorosa e fundamentada, levando em conta todas as circunstâncias judiciais previstas no artigo 59 do Código Penal.

A pena para quem provoca o aborto em si mesma ou com seu consentimento é de detenção de um a três anos, conforme o art. 124 do Código Penal. Já o crime de aborto provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante, prevê uma pena de reclusão de três a dez anos, de acordo com o art. 125 do Código Penal. Para o crime de aborto provocado por terceiro, com o consentimento da gestante, a pena é reclusão de um a quatro anos, conforme o art. 126 do Código Penal.

Além disso, as penas dos crimes de aborto, quando resultam em lesão corporal grave para a gestante, são aumentadas em um terço, e se a gestante falecer em decorrência do aborto, a pena é duplicada, conforme o art. 127 do Código Penal.

Crimes contra a vida como homicídios podem resultar em consequências extrapoladas do resultado típico, como deixar viúva ou órfã uma pessoa, o que pode influenciar na dosimetria penal. As consequências extrapenais, como causar trauma a familiares ou à comunidade, também são consideradas na fixação da pena.

Os dados relacionados aos danos provocados por um crime podem permitir a avaliação negativa das consequências do delito e impactar na dosimetria penal. Casos em que a conduta criminosa resulta em prejuízos materiais graves, como desamparo financeiro da família da vítima de homicídio, podem ser considerados na dosimetria penal.

“Em crimes contra a ordem tributária, o elevado prejuízo aos cofres públicos pode ser utilizado como critério para exasperar a pena-base na dosimetria penal.”

Crimes contra a vida

Portanto, a dosimetria penal em crimes contra a vida deve ser realizada de forma rigorosa e fundamentada, levando em consideração todas as circunstâncias judiciais relevantes, incluindo as consequências extrapenais e os danos causados pela conduta criminosa.

Critérios para a fixação da fração de diminuição

Ao analisar a tentativa de homicídio, uma das questões-chave é a determinação da fração de diminuição da pena. Nesse contexto, a proximidade do agente com a consumação do crime é a principal diretriz para a fixação dessa fração.

Quanto mais o agente se aproximar da efetiva execução do delito, menor será a redução da pena aplicada. Essa orientação visa proporcionalidade entre a punição e o grau de reprovabilidade da conduta. Ou seja, quanto mais próximo o agente estiver de consumar o crime, maior será a sua culpabilidade e, consequentemente, menor será a diminuição da pena.

Tentativa branca ou incruenta

Nos casos de tentativa branca ou incruenta, em que o agente não consegue atingir a vítima com qualquer golpe ou disparo, a fração máxima de diminuição (dois terços) poderá ser aplicada. Essa situação demonstra que o delito esteve muito distante da consumação, justificando uma redução mais significativa da pena.

Portanto, a proximidade do agente com a consumação do crime é um fator determinante na fixação da fração de diminuição da pena na tentativa de homicídio. Quanto mais próximo o agente estiver de concretizar o delito, menor será a redução aplicada, refletindo a proporcionalidade entre a punição e a reprovabilidade da conduta.

As pessoas também perguntam:

Qual é a pena mínima para tentativa de homicídio?

A pena mínima para tentativa de homicídio no Brasil varia entre 6 e 20 anos de reclusão, conforme o artigo 121 do Código Penal. Como se trata de uma tentativa, a pena é reduzida, pois o crime não foi consumado. A pena pode ser diminuída em até 1/3, considerando as circunstâncias, como a menor lesão causada à vítima ou a ausência de dolo direto. A pena final dependerá da análise do juiz, levando em conta as condições do caso específico.

Quem comete tentativa de homicídio pode responder em liberdade?

Sim, quem comete tentativa de homicídio pode responder em liberdade, dependendo das circunstâncias do caso e da decisão do juiz. O réu pode ser liberado mediante fiança, se não houver risco de fuga ou de reiteração criminosa. Em casos em que a tentativa de homicídio não envolva graves riscos à sociedade ou se o réu não for considerado perigoso, ele pode aguardar o julgamento em liberdade. No entanto, a decisão sobre a liberdade provisória depende da análise do juiz, considerando fatores como a gravidade do crime e o comportamento do réu.

Qual a redução da pena para os crimes tentados?

Nos crimes tentados, a pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3, conforme o Código Penal Brasileiro. A redução da pena ocorre porque o crime não foi consumado, ou seja, o réu não conseguiu concluir a ação criminosa. A diminuição exata depende das circunstâncias do caso, como a tentativa frustrada ou a quantidade de esforço empregado pelo autor para cometer o delito. O juiz avaliará a situação específica para definir a redução da pena, considerando fatores como a periculosidade do agente e as consequências da tentativa.

Qual o valor da fiança para tentativa de homicídio?

O valor da fiança para tentativa de homicídio não é fixo e pode variar conforme a gravidade do caso, a situação do réu e a decisão do juiz. O Código de Processo Penal estabelece que, em casos de crimes graves como tentativa de homicídio, a fiança pode ser elevada ou até mesmo inexistir, dependendo da análise da periculosidade do acusado e do risco à ordem pública. Em alguns casos, o juiz pode decidir pela prisão preventiva, dispensando a fiança. Portanto, o valor da fiança dependerá das circunstâncias específicas de cada situação.

Como se pune a tentativa?

A tentativa de crime é punida com uma redução da pena, conforme o Código Penal Brasileiro. Se o crime for punido com pena de reclusão, a pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3, dependendo da análise do juiz sobre as circunstâncias do caso, como o esforço do réu para cometer o crime e se o resultado não ocorreu por razões alheias à sua vontade. Para crimes punidos com pena de prisão simples, a pena pode ser reduzida à metade. A tentativa é punida de forma mais branda do que o crime consumado, mas ainda assim é passível de penalização.

Conclusão

A tentativa de homicídio é, sem dúvida, um crime grave, mas a legislação brasileira prevê a possibilidade de redução da pena nesse tipo de caso, desde que atendidos determinados requisitos legais. A jurisprudência dos tribunais brasileiros tem se orientado no sentido de que a fração de diminuição da pena deve levar em conta o iter criminis percorrido pelo agente, sendo menor a redução quanto mais próximo este estiver da consumação do delito.

Essa compreensão visa assegurar a proporcionalidade entre a punição e o grau de reprovabilidade da conduta do agente. Assim, embora a tentativa de homicídio seja um crime hediondo, é possível obter a redução da pena, desde que respeitados os parâmetros estabelecidos pela jurisprudência e pela legislação penal vigente no país.

Dessa forma, a análise do iter criminis e a avaliação das circunstâncias específicas de cada caso são fundamentais para a dosimetria da pena na tentativa de homicídio, assegurando a justa e proporcional aplicação da lei penal.

Padrão VieiraBraga

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