Recuperação judicial e credores: Como funciona?

Com o advento da pandemia e seus impactos, diversas empresas enfrentaram problemas financeiros, como fechamento temporário, ausência de vendas ou prestação de serviços, e consequente falta de entrada de dinheiro, o que levou muitas delas a entrar com pedido de recuperação judicial para se reerguer. A recuperação judicial é um procedimento judicial que tem como objetivo evitar que a empresa encerre suas atividades definitivamente e deixe de efetuar pagamentos a empregados, fornecedores, entre outros. Segundo dados da Serasa Experian, no mês de junho de 2023 houve 92 pedidos de recuperação judicial, sendo a maioria de micro e pequenas empresas. O processo de recuperação judicial visa conceder um fôlego econômico à empresa, permitindo a suspensão e renegociação de dívidas por um prazo maior e de forma parcelada, visando evitar a decretação de sua falência.

Advogado empresarial

Principais pontos de aprendizagem:

  • A recuperação judicial é um procedimento legal para evitar o fechamento definitivo de empresas endividadas.
  • O processo visa renegociar dívidas e permitir a reestruturação financeira da empresa.
  • Dados mostram aumento nos pedidos de recuperação judicial, especialmente de micro e pequenas empresas.
  • A recuperação judicial suspende cobranças e dá prazo para a empresa apresentar um plano de pagamento de dívidas.
  • O plano precisa ser aprovado pela maioria dos credores em assembleia geral.

O que é recuperação judicial?

A recuperação judicial é um importante instrumento jurídico que visa auxiliar empresas que estão enfrentando dificuldades financeiras. Esse procedimento permite que a empresa suspenda e renegocie suas dívidas, evitando assim a decretação de sua falência.

A recuperação judicial como forma de evitar falência

O objetivo principal da recuperação judicial é viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira da empresa, permitindo a preservação da fonte produtora, a manutenção de empregos e a proteção dos interesses dos credores. Dessa forma, a empresa tem a oportunidade de se reestruturar financeiramente e retomar suas atividades, evitando o encerramento definitivo de suas operações.

Objetivos da recuperação judicial segundo a lei

De acordo com a Lei de Recuperação Judicial(Lei nº 11.101/2005), os principais objetivos da recuperação judicial são:

  • Permitir a superação da situação de crise econômico-financeira da empresa;
  • Manter a fonte produtora e os empregos dos trabalhadores;
  • Preservar os interesses dos credores;
  • Promover a preservação da empresa e sua função social, bem como o estímulo à atividade econômica.

Portanto, a recuperação judicial é um mecanismo legal fundamental para que a empresa possa se reestruturar financeiramente e evitar o encerramento definitivo de suas atividades.

Recuperação judicial

A recuperação judicial é um processo regulamentado pela Lei de Recuperação Judicial, que visa permitir que empresas em dificuldades financeiras possam se reestruturar e continuar suas operações. Esse mecanismo legal oferece uma alternativa à falência, preservando empregos e pagamentos de dívidas.

Requisitos para solicitar recuperação judicial

De acordo com a Lei de Recuperação Judicial, algumas empresas não estão autorizadas a solicitar a recuperação judicial, como sociedades de economia mista, instituições financeiras públicas ou privadas e cooperativas de crédito. As empresas elegíveis devem atender aos seguintes requisitos cumulativos:

  • Exercer regularmente suas atividades empresariais há mais de 2 anos;
  • Não ser falida e, se já foi, ter as obrigações declaradas extintas;
  • Não ter obtido a concessão de recuperação judicial há menos de 5 anos;
  • Não ter sido condenado ou ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por crime falimentar.

Além disso, o pedido de recuperação judicial pode ser solicitado também pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariantes ou sócios remanescentes.

Diferenças entre recuperação judicial e extrajudicial

A principal diferença entre a recuperação judicial e a extrajudicial está na participação do poder judiciário. Na recuperação judicial, o pedido é feito diretamente ao Juízo de Falência e Recuperação Judicial, que irá analisar e decidir sobre o plano de renegociação das dívidas. Já na recuperação extrajudicial, a empresa negocia suas dívidas diretamente com os credores, que devem aprovar o plano de recuperação por, no mínimo, três quintos dos créditos.

Outra diferença é que na recuperação judicial a empresa fica protegida contra ações judiciais de execução de dívidas e pedidos de falência, o que não ocorre na extrajudicial. Além disso, a recuperação judicial permite a inclusão de créditos tributários, trabalhistas e de acidentes de trabalho no plano, o que não é possível na extrajudicial.

Recuperação judicial

Como funciona o processo de recuperação judicial?

O processo de recuperação judicial se inicia com o pedido inicial da empresa ao Juízo competente. Nesta etapa, a empresa deve apresentar sua situação patrimonial e as condições de crise que justificam a solicitação, acompanhada de diversos documentos financeiros. Após o deferimento do pedido pelo juiz, é determinada a suspensão de cobranças, pelo prazo de 180 dias, contra a empresa. Nesta fase, o juiz também nomeia um administrador judicial, profissional responsável por conduzir o processo e intermediar a relação entre a empresa e seus credores.

Plano de recuperação e aprovação pelos credores

Após a suspensão das cobranças, a empresa deve, em até 60 dias, apresentar um plano de recuperação judicial detalhado à Assembleia Geral de Credores. Esse plano deve conter as medidas que a empresa pretende adotar para se reorganizar, com a comprovação de sua viabilidade econômica. O plano deve ser aprovado pelos credores, que podem apresentar objeções no prazo de 30 dias. Caso haja objeções, o juiz convocará uma Assembleia Geral de Credores para deliberação. Se o plano for aprovado, o juiz o homologa e determina sua execução. Caso não seja aprovado, o administrador judicial poderá submeter à votação a concessão de um prazo adicional de 30 dias para a apresentação de um novo plano pelos credores.

“A recuperação judicial possibilita a suspensão temporária do pagamento de débitos e protege a empresa contra ações judiciais de execução de dívidas e pedidos de falência.”

Conclusão

A recuperação judicial é um importante instrumento jurídico que permite às empresas em dificuldades financeiras a suspensão e renegociação de suas dívidas, a fim de evitar a decretação de sua falência. O processo envolve a participação do Poder Judiciário, da empresa, de seus credores e de um administrador judicial.

Ao longo do processo de recuperação judicial, a empresa deve apresentar um plano detalhado de recuperação, que deve ser aprovado pelos credores, para então ser homologado pelo juiz. A recuperação judicial visa preservar a atividade empresarial, manter os empregos e atender aos interesses dos credores, sendo uma alternativa fundamental para a reestruturação financeira de empresas em crise.

Portanto, o entendimento desse mecanismo é essencial tanto para empresários quanto para investidores e profissionais que atuam nessa área, uma vez que o número de pedidos de recuperação judicial evidencia a importância de compreender os procedimentos e particularidades legais desse processo, visando a preservação da empresa e a satisfação dos interesses das partes envolvidas.

Padrão VieiraBraga

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