Responsabilidade de sócios em execução fiscal

O alcance da responsabilidade dos sócios de sociedade limitada (Ltda) e seus administradores por débitos tributários da respectiva sociedade é um tema muito debatido. Os sócios, ao constituírem a sociedade sob a forma limitada, baseados no direito societário, buscam limitar sua responsabilidade aos aportes que realizam para a formação do capital social, com o objetivo de restringir sua participação no pagamento dos débitos sociais, desde que não pratiquem atos com excesso de mandato, violação da lei ou do contrato social. No entanto, a legislação tributária prevê situações em que os sócios e administradores podem ser responsabilizados pelos débitos tributários da empresa, cabendo analisar cada caso concreto.

Advogado tributário

Principais pontos de destaque

  • A jurisprudência demonstra que o simples inadimplemento de obrigações fiscais não caracteriza infração de lei para fins de redirecionamento da execução fiscal para os sócios.
  • Há entendimentos que defendem a responsabilidade subjetiva dos sócios em substituição ou de forma subsidiária.
  • A responsabilidade dos sócios pode ser considerada solidária em casos de condutas ilícitas previstas no artigo 135 do Código Tributário Nacional (CTN).
  • A responsabilidade dos sócios em execução fiscal ocorre principalmente quando há impossibilidade de satisfação da dívida pelo devedor principal e comprovação de atos de gestão ilegais pelo sócio responsabilizado.
  • A conduta dolosa do agente na gestão da sociedade é essencial para a responsabilidade tributária do sócio/administrador.

Sócios respondem por débitos tributários?

De acordo com o Código Tributário Nacional (CTN), o sujeito passivo da obrigação tributária principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Essa obrigação pode recair sobre o contribuinte, quando este tiver relação pessoal e direta com o fato gerador do tributo, ou sobre o responsável, quando sua obrigação decorrer de disposição expressa de lei.

Responsabilidade pessoal dos sócios e administradores

Nesse sentido, o art. 135 do CTN estabelece que são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias as pessoas que praticarem atos com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatutos, como os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) é pacífica no sentido de que a responsabilidade fiscal dos sócios se restringe à prática de atos que configurem abuso de poder ou infração de lei, contrato social ou estatutos da sociedade, conforme previsto no art. 135 do CTN. Portanto, o simples inadimplemento tributário pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente.

No entanto, há exceções, como nos casos em que a empresa é presumivelmente considerada como irregularmente dissolvida, o que legitima o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente, conforme entendimento consolidado na Súmula 435 do STJ.

Execução fiscal

A execução fiscal é um importante instrumento utilizado pela Fazenda Pública para cobrar judicialmente os tributos não pagos. Nesse processo, a Fazenda pode incluir os sócios ou administradores da empresa executada como responsáveis tributários. No entanto, para que esses sócios ou administradores sejam efetivamente responsabilizados, é necessário que a Fazenda demonstre de forma inequívoca a prática de atos com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatutos, conforme previsto no art. 135 do CTN.

Caso contrário, o simples inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente. A Dívida Ativa da Fazenda Pública pode ser de natureza tributária ou não tributária, conforme estabelecido na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964.

O processo de execução fiscal permite que, em caso de não pagamento voluntário da dívida em até 15 dias após o trânsito em julgado, os bens do devedor possam ser bloqueados através da penhora. A Certidão de Dívida Ativa (CDA) é o título executivo extrajudicial que comprova a existência do débito e a obrigação de quitação, devendo conter requisitos específicos como nome do devedor, quantia devida, origem e natureza do crédito, data da inscrição, e número do processo administrativo.

Além do devedor, a execução fiscal pode ser movida contra fiadores, espólios, massas, responsáveis por dívidas de pessoas físicas ou jurídicas, e sucessores. A competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui outros juízos, como os de falência, concordata, entre outros.

De acordo com a pesquisa “Justiça em Números” de 2023 realizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 34% dos 81,4 milhões de processos ativos no Brasil em 2022 estavam relacionados a execuções fiscais. Portanto, o domínio dessa matéria é essencial para os profissionais da área jurídica que atuam na cobrança judicial de tributos, como os advogados da Vieira Braga Advogados.

Execução Fiscal

Conclusão

Em resumo, a execução fiscal é um tema complexo e desafiador no cenário jurídico brasileiro. Com milhões de processos em andamento, a cobrança judicial de tributos envolve uma série de nuances legais que precisam ser cuidadosamente analisadas. Desde a emissão da Certidão de Dívida Ativa (CDA) até a penhora de bens e o bloqueio de contas bancárias, o processo de execução fiscal requer atenção e expertise jurídica.

A responsabilidade dos sócios e administradores nesse contexto também é um ponto crucial, uma vez que a legislação tributária prevê a possibilidade de responsabilização solidária pelos débitos da empresa. No entanto, essa responsabilidade não é automática e depende da comprovação de excesso de poderes, infração à lei ou ao contrato social.

Portanto, é essencial contar com o apoio de um advogado especializado, como a Vieira Braga Advogados, para garantir a melhor defesa dos interesses do contribuinte, seja pessoa física ou jurídica, em processos de execução fiscal. Apenas com o devido assessoramento jurídico é possível navegar com segurança nesse complexo cenário e obter os melhores resultados.

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