Como funciona o laudo para comprovar doença ocupacional?

Entender como funcionam as leis trabalhistas e previdenciárias para trabalhadores que adquirem doenças ocupacionais ou sofrem acidentes durante as atividades é fundamental para garantir os seus direitos. De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), é obrigação da empresa oferecer as condições necessárias para que o funcionário cumpra sua função sem correr riscos. Para manter a saúde do trabalhador, é preciso que a empresa adote medidas como disponibilizar equipamentos de segurança, manter instalações adequadas, garantir a limpeza e higiene do local, oferecer mobiliário apropriado e fornecer o treinamento necessário para os funcionários, entre outras providências.

Advogado trabalhista

Uma vez comprovado o desenvolvimento de doença ocupacional, o trabalhador pode ter direito a diversos benefícios previdenciários e trabalhistas garantidos por lei, como indenização por danos, estabilidade no emprego por 12 meses, auxílio-acidente em caso de sequelas e aposentadoria por invalidez, caso não possa retornar ao trabalho.

Principais pontos de aprendizado

  • O empregador é responsável por fornecer condições de trabalho seguras e saudáveis aos seus funcionários.
  • Para comprovar a doença ocupacional, é necessário emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e apresentar registros médicos.
  • Doenças ocupacionais podem garantir diversos benefícios previdenciários e trabalhistas ao trabalhador.
  • Empresas podem contestar a relação entre a doença e o trabalho, mas o trabalhador também pode recorrer da decisão.
  • Acidentes de trabalho são considerados aqueles ocorridos durante a jornada, mesmo que fora da empresa, em tarefas relacionadas ao trabalho.

O que são doenças ocupacionais e seus tipos?

As doenças ocupacionais são aquelas que o trabalhador desenvolve a partir do contato diário com seu ambiente de trabalho ou de esforço ou risco do tipo de atividade profissional que ele exerce. Existem dois tipos principais de doenças ocupacionais: a doença profissional, que é típica de certas profissões, e a doença do trabalho, que pode ser desenvolvida em diferentes tipos de atividade profissional, como as doenças por esforço repetitivo LER/DORT.

Exemplos de doenças ocupacionais

Algumas das doenças ocupacionais mais recorrentes são:

  • LERs e DORTs (Lesão por Esforços Repetitivos e dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho)
  • Problemas de visão
  • Asma ocupacional
  • Antracose pulmonar
  • Dermatose ocupacional
  • Perda auditiva
  • Doenças psicossociais (depressão, estresse, ansiedade, síndrome do pânico, Síndrome de Burnout)
  • Enfermidades na coluna, nos ombros, encurtamento de tendões e dores crônicas

Além disso, as doenças ocupacionais podem ser classificadas também de acordo com o modo que elas foram desenvolvidas, com nexo de causalidade, onde o trabalho foi o principal causador da doença, ou como concausalidade, onde o trabalho apenas ajudou a agravar uma doença já preexistente.

“Mais de 30% da população economicamente ativa no Brasil sofre com a Síndrome de Burnout.”

Tipos de doenças ocupacionais

Acidente de trabalho e doenças ocupacionais: Como comprovar?

No Brasil, os trabalhadores têm direito a benefícios como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e cobertura de despesas médicas, desde que a relação entre o trabalho e a condição de saúde seja comprovada. Para estabelecer essa ligação, podem ser necessários relatórios médicos detalhados, histórico de saúde ocupacional e estudos do ambiente laboral.

O primeiro passo é conversar com o médico e explicar os sintomas e os detalhes de como o trabalho é exercido. Caso o diagnóstico comprove que a doença foi adquirida a partir do trabalho, o médico deve preencher o atestado com o código internacional da doença (CID). Com o atestado, o trabalhador deve solicitar a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) ao setor de Recursos Humanos da empresa.

Além disso, o trabalhador pode reunir outros casos de colegas e provas, como vídeos das condições de trabalho, para ajudar a comprovar a doença na perícia do INSS. Caso a empresa se negue a arcar com os direitos do trabalhador, ele pode recorrer à Justiça e ter direito a indenização, estabilidade no emprego, auxílio-acidente e aposentadoria por invalidez.

“Em 2022, cerca de 2,3 milhões das causas de afastamento do INSS foram relacionadas a doenças ocupacionais e doenças do trabalho, ressaltando a importância das empresas em reforçar a saúde no ambiente de trabalho.”

O auxílio-doença acidentário é concedido aos beneficiários do INSS que necessitam de afastamento por mais de 15 dias devido a uma doença relacionada ao trabalho. Uma vez recuperado, o funcionário tem estabilidade de até 12 meses no emprego, não podendo ser demitido sem justa causa.

Trabalhadores com doenças ocupacionais comprovadas podem solicitar indenizações por danos materiais, morais e estéticos, como gastos em tratamentos, pensão vitalícia e compensação por sequelas. Ainda, o auxílio-acidente é um benefício do INSS destinado a trabalhadores que tiveram sua capacidade reduzida devido a uma doença ocupacional, recebendo o benefício até a aposentadoria.

Caso a recuperação seja impossível, o trabalhador pode se aposentar por invalidez, recebendo a média de todos os salários de contribuição de forma integral, sem necessidade de cumprir período de carência.

Conclusão

Entender os direitos dos trabalhadores que desenvolvem doenças ocupacionais é fundamental para garantir a proteção adequada desses profissionais. O laudo ocupacional, ou Atestado de Saúde Ocupacional (ASO), é um documento essencial que comprova as condições de saúde do funcionário e pode ser utilizado para estabelecer o nexo causal entre os riscos do ambiente de trabalho e as doenças adquiridas.

Cabe à empresa adotar medidas de prevenção e manter um ambiente de trabalho seguro, enquanto o trabalhador deve buscar os seus direitos, como indenização, estabilidade no emprego e benefícios previdenciários, sempre que comprovada a doença ocupacional. Com o aumento significativo no número de concessões de auxílio-doença relacionadas a acidentes e doenças do trabalho, é vital que tanto empregadores quanto empregados estejam cientes de suas responsabilidades e direitos nesse contexto.

A evolução das normas de proteção acidentária, desde o Código Comercial de 1850 até as recentes convenções da Organização Internacional do Trabalho, demonstra a importância crescente da saúde e segurança dos trabalhadores. Compreender esse histórico e as principais doenças ocupacionais comuns no Brasil é essencial para garantir a devida assistência e amparo a esses profissionais.

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