Acordo de redução de jornada e salário: O que saber?

A pandemia da COVID-19 obrigou empresas e o governo a adotar medidas importantes em relação aos trabalhadores, trazendo grandes mudanças nas relações de trabalho. Uma dessas alterações foi autorizar a redução da carga horária e do salário, bem como a suspensão temporária de contratos de trabalho. Essa foi uma das principais iniciativas do Governo para tentar minimizar os efeitos negativos que o coronavírus causou na economia brasileira, envolvendo uma série de outras medidas complementares para amparar esses profissionais. O tema ainda gera muitas dúvidas, especialmente no período em que a situação de saúde esteve mais controlada. Muitas empresas ainda não sabem em quais casos é possível reduzir o salário e a jornada de trabalho, além de se a medida ainda é válida.

Advogado trabalhista

Principais aprendizados

  • A redução salarial e a suspensão de contrato são duas modalidades distintas, com impactos diferentes para o trabalhador.
  • A legislação que prevê a redução salarial foi criada em 2020 com a MP 936/2020 e posteriormente atualizada pela MP 1.045/2021.
  • A redução salarial pode chegar a 25%, 50% ou 70%, com prazo máximo de 3 meses para implementação do acordo.
  • A redução salarial é permitida mediante acordo individual para trabalhadores com remuneração de até R$3.300,00 ou com diploma de curso superior e salário mensal duas vezes superior ao teto da previdência.
  • A suspensão de contrato é outra modalidade abordada nas MPs, com o funcionário ficando sem trabalhar por até 60 dias sem receber salário, sendo remunerado pelo seguro-desemprego.

Redução salarial X suspensão de contrato: Qual a diferença?

Durante a pandemia da Covid-19, surgiram duas opções importantes para as empresas brasileiras: a redução salarial e a suspensão de contrato de trabalho. Embora ambas visem preservar empregos, elas apresentam diferenças fundamentais que precisam ser compreendidas.

Redução salarial: Mantendo o vínculo

Na redução salarial, o funcionário continua trabalhando, porém com uma diminuição proporcional da sua carga horária e remuneração. Nesse caso, a empresa é responsável por pagar o salário reduzido, complementado por um benefício emergencial pago pelo governo federal.

Suspensão de contrato: Pausa total

Já na suspensão de contrato, há uma pausa total no trabalho, e o funcionário fica completamente afastado de suas atividades. Nessa situação, o trabalhador recebe 100% do seguro-desemprego, sem a complementação da empresa.

É importante estar atento às regras e procedimentos legais para utilizar corretamente essas duas modalidades, visando preservar os direitos dos funcionários e evitar possíveis problemas jurídicos.

Redução salarial vs Suspensão de contrato

“Na redução salarial, o funcionário continua trabalhando e recebendo salário reduzido, complementado pelo governo. Na suspensão, há uma pausa total no trabalho e o funcionário recebe 100% do seguro-desemprego.”

Portanto, a principal diferença entre a redução salarial e a suspensão de contrato está na manutenção ou não do vínculo empregatício e na forma de compensação financeira durante o período.

Reajuste salarial: Quando é permitido?

O reajuste salarial é um direito garantido aos trabalhadores pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Esse aumento anual é definido por meio de negociações entre os sindicatos de empregados e empregadores, em um processo conhecido como dissídio coletivo. As convenções coletivas de trabalho (CCT) estabelecem as regras e os percentuais de reajuste salarial para cada categoria profissional.

As negociações salariais normalmente acontecem nos primeiros meses do ano, podendo se estender até meados de maio ou junho. O reajuste salarial pode ser retroativo, abrangendo os meses em que o acordo ainda estava sendo discutido. Além disso, o ajuste pode ser calculado proporcionalmente para os funcionários que iniciaram antes ou durante o período de acordo.

  1. O reajuste salarial pode ocorrer devido a duas situações principais:
    • Aumento do salário mínimo nacional, definido pelo Governo Federal, que entra em vigor geralmente em janeiro de cada ano.
    • Acordo coletivo entre sindicatos de empregadores e empregados, por meio da Convenção Coletiva de Trabalho.
  2. As empresas devem estar atentas às mudanças salariais, comunicá-las de forma clara aos funcionários e acompanhar as convenções coletivas de trabalho de sua categoria.
  3. O não cumprimento das regras de reajuste salarial pode resultar em multas aplicadas pelos órgãos fiscalizadores, como o Ministério do Trabalho.

O reajuste salarial é fundamental para manter os salários dos trabalhadores atualizados de acordo com a inflação e outras mudanças econômicas, garantindo a valorização da mão de obra.

“O reajuste salarial é um direito do empregado, garantido pela CLT, que estipula um aumento salarial obrigatório anual em acordo com o sindicato.”

A redução da jornada acompanha a redução salarial

A redução da carga horária de trabalho está diretamente vinculada à diminuição salarial. Em termos práticos, se uma empresa opta por reduzir em 25% o salário de um colaborador, a jornada de trabalho também deve ser ajustada em 25%. Da mesma forma, se a empresa busca uma redução de 50% na jornada, essa diminuição deve ser refletida no salário na proporção de 50%. Essa relação entre a diminuição do salário e a jornada de trabalho busca manter uma equidade proporcional, permitindo às empresas ajustarem seus custos de maneira correspondente às necessidades, enquanto ainda proporcionam uma abordagem equitativa aos colaboradores afetados.

É fundamental que as empresas cumpram as normas trabalhistas, pois o descumprimento pode resultar em processos, o que seria especialmente prejudicial em momentos de crise. O Novo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, por exemplo, prevê medidas como a suspensão temporária do contrato de trabalho e a redução da jornada, com duração de até 120 dias.

A redução salarial, no entanto, não é imposta unilateralmente ao trabalhador. Ela deve ser acordada entre empregador e empregado ou negociada por meio de sindicatos. A proposta de reduzir tanto o salário quanto a jornada tem como objetivo ajustar os custos das empresas de forma equilibrada, buscando minimizar os impactos para os colaboradores.

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