O que caracteriza uma doença ocupacional?

De acordo com levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), somente em 2016, acidentes de trabalho e doenças ocupacionais foram responsáveis pela morte de 1,9 milhão de trabalhadores em todo o mundo. Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPA) de 2021 mostram que 19% de todas as mortes no mundo são decorrentes de acidentes ou doenças ocupacionais. Outra estatística alarmante é a de 750 mil mortes por doenças cardíacas e AVC resultantes de longas jornadas de trabalho. Isso demonstra a importância de compreender o que caracteriza uma doença ocupacional e quais medidas preventivas as empresas devem adotar.

Advogado trabalhista

Principais conclusões

  • As doenças ocupacionais estão em crescente, com aumento no número de ações requerendo indenizações relacionadas.
  • O conceito de doença ocupacional ou profissional é definido por lei, considerando enfermidades produzidas ou desencadeadas pelo trabalho.
  • Equipamentos de proteção e manutenção de um ambiente de trabalho saudável são essenciais para prevenir doenças ocupacionais.
  • Após um acidente de trabalho, é crucial comunicar o superior, buscar socorro médico e abrir o Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT).
  • Empresas devem oferecer suporte médico e orientações sobre uso de EPIs para proteger a saúde dos trabalhadores.

Definição e diferenças entre doença ocupacional e doença do trabalho

As doenças ocupacionais, também conhecidas como doenças profissionais, são enfermidades produzidas ou desencadeadas diretamente pelo exercício da atividade profissional peculiar a determinada função. São doenças típicas de certas profissões, como tendinite em digitadores, catarata em soldadores, LER em auxiliares de limpeza e problemas de coluna em quem lida com levantamento de peso. Essas doenças decorrem diretamente do trabalho exercido, independentemente das condições do ambiente laboral.

Doença ocupacional

As doenças ocupacionais são equiparadas a acidentes de trabalho atípicos e estão diretamente relacionadas à atividade profissional em si. São exemplos a perda auditiva de um auxiliar de escritório exposto a ruídos excessivos de uma fábrica ou o câncer em trabalhadores expostos a produtos químicos nocivos, mesmo que não façam parte de suas atribuições.

Doença do trabalho

Já a doença do trabalho é adquirida ou desencadeada por condições especiais em que o trabalho é realizado e está diretamente relacionada a elas, mas não necessariamente à atividade profissional em si. Nestes casos, o trabalho contribui, mas não é a causa principal da doença. Alguns exemplos são a depressão em profissionais que enfrentam alta carga de estresse ou a tendinite em trabalhadores que realizam movimentos repetitivos.

Tanto as doenças ocupacionais quanto as doenças do trabalho garantem direitos aos trabalhadores acometidos, como recebimento de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez após perícia médica no INSS.

doenças ocupacionais

É importante destacar que a prevenção de acidentes e a promoção da saúde e segurança do trabalhador são essenciais para evitar o surgimento de doenças laborais e garantir benefícios trabalhistas em caso de indenização por acidente. Nesse sentido, a adoção de medidas como a ergonomia e o cumprimento da legislação trabalhista são fundamentais.

Acidente de trabalho e doenças ocupacionais

Além das doenças diretamente relacionadas ao trabalho, existem casos em que uma doença preexistente do trabalhador pode se agravar devido às condições e exigências do ambiente laboral. Essa situação é conhecida como concausa, quando a doença anterior contribui para o resultado de um acidente de trabalho, piorando a incapacidade do funcionário.

De acordo com a Lei Brasileira (Lei 8.213/1991), um acidente de trabalho é definido como uma lesão ou distúrbio funcional que ocorre durante o exercício da atividade laboral, levando a incapacidade temporária ou permanente para o trabalho, ou até mesmo à morte do trabalhador.

  • Os acidentes de trabalho são classificados em acidentes típicos, que acontecem durante o período de trabalho e podem ser evitados com medidas de segurança, e acidentes de trajeto, ocorridos entre a residência do empregado e o local de trabalho, independentemente do meio de transporte utilizado.
  • As doenças ocupacionais decorrem das atividades e condições do ambiente de trabalho. Elas são divididas em doenças relacionadas ao trabalho, causadas ou desencadeadas pelas condições de trabalho, e doenças profissionais, resultantes de exposição prolongada a riscos específicos de determinada ocupação.

Para prevenir acidentes de trabalho e o desenvolvimento de doenças ocupacionais, é crucial que as empresas adotem medidas preventivas, como programas de saúde ocupacional, ergonomia adequada e o fornecimento gratuito de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) aos funcionários. Apenas com ações preventivas efetivas é possível proteger a saúde e segurança dos trabalhadores.

A exposição contínua a fatores de risco (físicos, químicos, biológicos e radiológicos) pode resultar em doenças ocupacionais.

Quando um acidente de trabalho ou doença ocupacional ocorre, o empregador é responsável por cobrir as despesas médicas, tratamentos, exames e demais custos relacionados à recuperação do trabalhador. Caso o afastamento do trabalho supere 15 dias, o empregado tem direito ao auxílio-doença, garantido após avaliação médica. Além disso, a empresa deve continuar realizando os depósitos do FGTS do trabalhador afastado.

Portanto, é essencial que as empresas estejam atentas às normas de segurança e saúde ocupacional, a fim de evitar acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, protegendo seus funcionários e minimizando os impactos legais e financeiros.

Conclusão

As doenças ocupacionais e do trabalho representam um sério problema de saúde pública no Brasil, com altos custos humanos e financeiros. Entender as diferenças entre esses dois tipos de doenças e adotar medidas preventivas é essencial para que as empresas possam proteger seus colaboradores e evitar processos trabalhistas dispendiosos.

Investir na segurança, saúde e bem-estar dos funcionários não apenas é uma obrigação legal, mas também traz benefícios à produtividade e à imagem da organização. Cabe aos empregadores priorizar a saúde ocupacional e criar um ambiente de trabalho saudável e seguro, cumprindo as normas de saúde, higiene e segurança estabelecidas pela legislação brasileira e pelas convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A evolução da proteção do trabalhador no país mostra o quão importante é a prevenção de doenças relacionadas ao trabalho. Ao adotar medidas efetivas de promoção da saúde e segurança, as empresas não apenas cumprem com suas responsabilidades, mas também contribuem para a redução dos altos custos e impactos causados pelas doenças ocupacionais e do trabalho na sociedade brasileira.

Padrão VieiraBraga

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